Muitas atividades de engenharia buscam conhecer precisamente o lugar onde se pretende empreender. O sucesso ou a racionalização destas atividades são dependentes deste conhecimento em maior ou menor intensidade.
Uma informação básica das mais importantes num projeto é a descrição minuciosa e acurada desse lugar, seja ele natural ou artificial, usando-se modelos como plantas, modelos geométricos e, gêmeos digitais (digital twins), por exemplo. Podemos dizer que um adequado modelo do espaço é um ativo, um capital necessário ao empreendimento, porque dele se extraem e nele se podem armazenar informações, possibilitando associações, fluência na comunicação e a construção do conhecimento necessário.
Pense como este conhecimento é necessário na construção e gestão de ferrovias, no administrar uma cidade, no cultivar por agricultura de precisão. Providenciar modelos confiáveis e adequados às atividades é um imperativo para o bom desempenho de projetos. A informação espacial é uma pedra fundamental frente às modernas tecnologias.
Como exemplo de percepção da relevância deste conceito ao longo dos tempos, me vem à mente a obra A Arte da Guerra de Sun Tzu. Nesta obra, Tzu realça já em seu capítulo I que, ao analisar uma situação em busca da vitória, um general nunca deve negligenciar cinco principais fatores: o Tao (o caminho no sentido filosófico); o Clima; a Terra; o Líder e os Métodos.
Do lugar (a Terra), destaca as distâncias; as dificuldades e as condições do terreno. Desta análise dependem a vida e a morte, escreve. Mais adiante, no capítulo X, vem a reforçar: “A superfície da Terra apresenta uma infinidade de lugares, deves fugir de alguns e buscar outros. Todavia deves conhecer bem todos eles.”
Mas se desde os tempos antigos se verifica esta necessidade e ela é de tal importância, por que apesar disso ainda percebemos frequentemente situações críticas decorrentes de modelos inadequados ou mesmo da falta deles? Quais consequências que nos trariam insuficientes padrões técnicos ou uso inadequado destes conhecimentos?
No jargão do dia a dia da engenharia, genericamente se refere a um modelo do lugar, por “topografia”. Palavra com origem no grego: topos e graphein, descrição do lugar; a Topografia pode significar diversos processos que, de uma forma geral, se valem de ciências como Cartografia, Geodésia e Topografia, para representar a realidade do lugar ou objetos, realizando estruturas e processos que nos fornecerão dados e modelos (1D, 2D, 3D, 4D ).
4D? Sim 4D, pois hoje há tecnologias que coletam dados da realidade do espaço com maior eficiência. Pense em sucessivos mapeamentos 3D em diferentes momentos de uma obra, todos compatíveis entre si, pois foram realizados no mesmo referencial.
A preocupação e a capacitação para coletar, tratar, sistematizar, dispor e gerir as informações sobre o lugar em que se atua é uma preocupação humana, primordial e inerente às atividades de Agrimensura e Cartografia. Estas se constroem e evoluem por milhares de anos a serviço da humanidade, como nos mostram as historias das civilizações egípcia, chinesa, grega ou romana. Em nossos dias há um grande esforço na continuidade desta evolução. Novas tecnologias são disponíveis, novas demandas se impõem e novos saberes são requeridos.
Pela leitura atenta e a interpretação dos modelos topográficos se busca compreender os importantes aspectos quantitativos e qualitativos do lugar que ele representa. A eles também se adicionam outras informações espaciais em complementação, para ampliar os estudos necessários. Sobre eles e seus elementos realizamos então análises, concebemos e gerenciamos projetos das mais variadas finalidades. Sob as modernas tecnologias de projeto e gestão, os modelos e as informações espaciais têm importância e uso amplificados.
A produção e o uso, adequados, destas informações requerem conhecimentos para se evitar efeitos diversos na sua utilização. Por exemplo, sem o devido conhecimento de projeção UTM, a etapa de locação dos elementos projetados terá comprometimentos nas dimensões e posicionamento destes elementos. O dimensionamento de volumes nos terrenos cobertos por vegetação, quando mapeados por processos aerofotogramétricos conduzirão a volumes de terraplenagem superestimados. Profissionais inexperientes podem se impressionar com a precisão nominal de aparelhos como Estações Totais, desconsiderando que há outras fontes e propagação de erros que causarão efeitos indesejáveis aos dados. Efeitos adversos também ocorrem com dados de todas as geotecnologias, porque as medições (observações) são realizadas no meio ambiente; são afetadas por ele, como também são correlacionadas com o observador. Importa, portanto, considerar fatores que influenciam desde a captura ao uso destas informações.
Fugir desta realidade seria comparável ao que empreendedores incautos buscam desejando suprimir a elaboração de projetos, visando a imediata execução das obras. Variantes deste tipo de raciocínio afetam também os levantamentos topográficos, indo no sentido contrário ao benefício concedido por este ativo.
Outras vezes se verificam que os custos e o tempo de realização, reais, necessários a produção de adequada Topografia foram desconsiderados no planejamento e no orçamento. É comum que o desconforto provocado por esta situação conduza a buscas por soluções de baixo custo e ineficazes quando constatado o engano.
Se o seu empreendimento depende do corte de investimentos aqui, muito cuidado! As correções de rumo custarão bem mais ques os bons levantamentos.
Tal como no primeiro exemplo, buscar a redução deste tipo de custo, ou desconsiderar as reais necessidades no planejamento e no orçamento, via de regra, causam complicadores sérios. O empreendedor acaba sendo pego em meio a um redemoinho de consequências, que consumirá maior quantidade de tempo e recurso do que o previsto. Cronogramas se atrasam, limites são ultrapassados e quantidades não se confirmam. As causas topográficas terão difícil percepção, identificação e comprovação, quando os efeitos forem percebidos, conduzindo geralmente a uma discussão infrutífera acerca de procedimentos passados e culpas. O leite já foi entornado.
Mas você pode fazer diferente, observando que as informações topográficas capitais para seu projeto. Poderão contribuir sendo uma fonte de informação segura e fidedigna que lhe trás maior poder. Busque assessoria especializada e imparcial, que domine os conceitos das ciências envolvidas e traga uma visão independente e ampla. Seria uma opção equilibrada.
Esta postura o ajudará a buscar do ponto de vista técnico e financeiro soluções compatíveis com as finalidades e objetivos, de curto e de longo prazo, pois esta Topografia o ajudará do começo ao fim, do projeto a manutenção e a operação.